Harusame : Chuva de Primavera

Os japoneses são fascinados pela chuva. Há cerca de 400 denominações para diferentes tipos de chuvas, desde os tufões até os chuviscos. Muitas, de uma poética sem igual. O que dizer de Namida-ame (涙雨) chuva-lágrima, aquela chuvinha de pingos, que parece um choro rápido? Não é por menos que o escritor Tanizaki Jun’ichiro discorre sobre uma chuva por longas dez páginas em seu livro “As Irmãs Makioka” ( 細雪Sasameyuki), publicado pela Editora Estação Liberdade, e magistralmente traduzido por Leiko Gotoda.

Também nas artes plásticas, e mais precisamente no mundo das gravuras, a chuva de primavera é retratada como um fenômeno delicado de um estado etéreo da natureza. 

Gravura Ukiyo-e de Kobayashi_Kiyochika 小林清親 -“Chuva de Primeira na Travessia de Takeya – Matsuchiyama – da série 12 Paisagens Sazonais – 1930 (季節風景画12選・待乳山、竹屋ノ渡の春雨)

A chuva de primavera é chamada de Harussame (春雨, literalmente haru = primavera, e (s)ame = chuva. É uma chuva delicada e silenciosa, por vezes, intermitente.

Gravura de Kasamatsu Shiro – Chuva de Primavera no Santuário Yushima Tenjin, 1935 – 「春雨 湯島天神」笠松紫浪

Gravura de Kasamatsu Shiro 

Harussame é também o nome do macarrão de fécula de batata ou batata doce, ou de amido de arroz ou feijão mung, delicado e transparente como a chuva de primavera. Sem gluten, é o noodle preferido dos celíacos. É conhecido também como espaguete-celofane, devido à sua aparência translúcida.

Harussame: macarrão quase transparente.

Você encontra receitas de harussame em vários restaurantes japoneses. Infelizmente saiu do cardápio do Restaurante Kinoshita, mas esta receita era espetacular. Lá, o harussame vinha na companhia de tenros pedaços de camarão e polvo, legumes e cogumelos, gergelim torrado, ornamentado com cebolinha e folhas de beterraba. O tempero? Shoyu, caldo dashi e leve toque de óleo de gergelim.

Harussame do Kinoshita Foto: Jo Takahashi

 

 

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