Um deles foi o diretor de teatro brasileiro, Antunes Filho (1929-2019). O outro foi o diretor de cinema japonês, Yasujiro Ozu (1903-1963), sendo que Ozu conseguiu a façanha de nascer e morrer no mesmo dia. Antunes Filho gostava de se inspirar no cinema japonês para criar suas peças. Foi assim com filmes de Akira Kurosawa. Trono Manchado de Sangue (Kumonosujô, 蜘蛛の巣城) por exemplo, foi uma referência para Macbeth: Trono de Sangue, que estreou em 1992, no Teatro Anchieta do SESC Consolação, em São Paulo.
Já em Prêt-à-Porter, Antunes Filho passa para a coordenação do projeto, propondo um trabalho colaborativo com os atores, na montagem de pequenas peças sobre os dramas do cotidiano. Um projeto de teatro mínimo e econômico, mas de alto impacto dramático. Para Prêt-à-Porter, Antunes Filho se inspirou em várias obras de Yasujiro Ozu, o poeta da rotina. Foi interessante acompanhar as várias projeções de filmes de Ozu, que realizávamos no CPT, com películas em 16mm, e observar o processo de digestão e metabolismo dessas referências que vinham de um cinema permeado por longos silêncios, onde a anatomia do drama era composta por simples rotinas do cotidiano.
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Yasujiro Ozu: 1903 – 1963
Pai e Filha: um protótipo perfeito da cinematografia de Ozu