Helena e Riokai: entre Brasil e Japão, Paris

Riokai Ohashi e Helena Pereira da Silva (arquivo de família).

Dois artistas, uma brasileira e um japonês se conhecem em Paris.  Ela, Helena Pereira da Silva, era filha do pintor Oscar Pereira da Silva e de Julie Pereira da Silva, uma francesa de Bordeaux. Helena começa cedo a pintar, e no início adota o estilo acadêmico do pai. Já na juventude adere ao estilo modernista e sintonizada com as tendências de uma arte mais livre que circulava em Paris, onde passa a morar a partir de 1920. Foi em 1928 que conhece o pintor japonês, Riokai Ohashi, que também estudava pintura em Paris. A pintura os uniu definitivamente e casam-se em 1933. O casal decide morar no Japão onde têm uma vida de conforto, atuando como artistas e expondo em galerias de arte. Helena, inclusive, já tinha um trabalho com o Japão anterior ao casamento. Ela foi a primeira brasileira a produzir design de moda para exportação destinada à  loja de departamentos japonesa Matsuzakaya, situada na avenida principal de Ginza, o bairro das grandes grifes.

A Segunda Guerra Mundial começava a definir contornos cada vez mais nítidos e as relações entre o Brasil e o Japão preocupavam o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A Embaixada do Brasil em Tokyo designou o casal Helena-Riokai para uma missão cultural a ser desenvolvida no Brasil, com a finalidade de amenizar a tensão entre os dois países. Riokai, inclusive é indicado um “Embaixador das Artes”, uma denominação simbólica mas carregada de grandes expectativas apaziguadoras. Nessa estada no Brasil em 1940,  foram realizadas exposições no Rio de Janeiro, onde quadros do casal foram adquiridos por autoridades dos dois países, bem como em São Paulo. A imprensa deu grande destaque a estas iniciativas e Riokai passou a ser conhecido no meio artístico brasileiro com entusiasmo. No Rio de Janeiro, Riokai e Helena foram também recebidos por Portinari, com quem já haviam tido contato em Paris. Portinari, aliás, era o grande anfitrião dos artistas estrangeiros. Ele já havia recebido em sua casa, o célebre pintor japonês radicado em Paris, Tsuguharu Foujita em sua passagem pelo Brasil, e em seguida, Tadashi Kaminagai, que chegou ao Brasil por recomendação de Foujita e se estabeleceu em Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Interior com cadeiras, óleo sobre canvas board de Helena Pereira da Silva Ohashi, 1942 Foto da obra: Henrique Luz
Dans le jardin j’ai posé, pintura a óleo sobre canvas board de Riokai Ohashi, 1928-1930 Foto da obra: Henrique Luz

A exposição, em cartaz na Galeria Arte 132 (direção de Telmo Porto), traz para o público, obras dos dois artistas, composto por óleos, aquarelas e desenhos, produzidos no Brasil, no Japão e em Paris. O bonito catálogo traz a íntegra da pesquisa realizada sobre os dois artistas, a cargo das professoras doutoras Madalena Hashimoto Cordaro e Michiko Okano, respectivamente da Escola de Comunicações e Artes da USP (Programa Poéticas Visuais) e da Universidade Federal de São Paulo (História da Arte) e que também assinam a curadoria da exposição. O catálogo digital pode ser acessado por aqui, e podem ser baixados em pdf, mas alguns exemplares em papel estão disponíveis na Galeria.

Galeria Arte 132
Avenida Juriti, 132 – Moema Tel.: +55 11 5054-0357
De 8 de novembro de 2021 a  8 de janeiro de 2022 (recesso de 24 de dezembro a 2 de janeiro)
seg > sex das 14h00 às 19h00 sáb > das 11h00 às 17h00

Mídias:
@arte132galeria
f /arte132galeria E-mail: contato@arte132.com.br

Apoio institucional: Fundação Japão

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