O Livro de Cabeceira, segundo Midori Hatanaka

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A arquiteta e artista plástica Midori Hatanaka pesquisa O Livro de Cabeceira há muitos anos e traz nesta individual, suas interpretações pictóricas sobre esta obra magistral da literatura clássica japonesa.

O Livro de Cabeceira ( 枕草子, Makura no Soshi  ) é um livro de observações e reflexões escritas por Sei Shonagon durante seu período como cortesã da corte da Imperatriz Consorte Teishi (定子) durante o século XI e início de 990 no período Heian no Japão . O livro foi concluído no ano de 1002.

Nele ela incluiu listas de todos os tipos, opiniões pessoais, eventos interessantes na corte, poesia e alguns pensamentos sobre os seus contemporâneos. Embora seja essencialmente um trabalho pessoal, a habilidade poética torna o livro interessante como uma obra de literatura, e é importante como um documento histórico. Parte do que foi revelado à Corte por acidente durante a vida de Shonagon. O livro foi traduzido para o Inglês em 1889 por T. Purcell e Aston WG.

Outras notáveis traduções para o inglês foram por Arthur Waley, em 1928, Ivan Morris em 1967 e Meredith McKinney em 2006.

A Sei Shonagon não agradavam a mediocridade, feiúra e pobreza. Inúmeras são as páginas do livro em que critica a falta de gosto e etiqueta, ou apenas de títulos e riqueza das pessoas que a cercavam. Neste aspecto lembra Saint Simon, o cronista da corte de Luiz XIV: sua obsessão pelos aspectos formais do trato em sociedade adquire dimensões de complexidade e refinamento que transformam o que seria em outros escritores, mero esnobismo, em uma teoria estética das relações pessoais.

Uma das obras expostas na individual de Midori Hatanaka.
Uma das obras expostas na individual de Midori Hatanaka.

Borges foi o primeiro a comentar a obra de Sei Shonagon em castelhano e que uma de suas características marcantes como a da japonesa, consiste na coleção de relatos esparsos costurados por listas de coisas, livros, animais fantásticos.

Suas listas de livros de poesia e árvores preferidas são visivelmente fruto de autentico prazer e admiração pela beleza e diversidade da vida, permitindo que a autora, por vaidosa e deslumbrada que seja, seja bem sucedida em cativar o leitor, envolvendo o com seu contagioso senso de humor e sua inegável humanidade.

(Andrei dos Santos Cunha, do Livro de Travesseiro de Sei Shonagon, 2008)

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