Ed Motta: o sabor do som

Uma presença ilustre no livro “A Cor do Sabor: A Culinária Afetiva de Shin Koike” (editora Melhoramentos) é a do cantor e compositor Ed Motta, que é um gourmet refinado e grande apreciador de vinhos. O encontro de Ed com o chef Shin Koike foi numa tarde de novembro, prolongou-se por quase três horas e só terminou com o celular tocando. Era o produtor do Ed, chamando-o para o ensaio.

Ed chegou até a organizar um evento onde reúne vinho e música numa noite. Uma degustação onde Ed canta e explica os vinhos que vão sendo servidos. Uma sequência eno-musical de muita densidade. Aprecie aqui, sem moderação.

Leia aqui um trecho do capítulo “A cor do som”.

Momento making of do livro A Cor do Sabor. Conversa descontraída entre Ed Motta e o chef Shin Koike, antes da sequência de degustação. Fotos: Tatewaki Nio, especialmente para o projeto editorial.

Ed Motta é um colosso. E não estamos nos referindo especificamente ao seu inconfundível corpanzil. Ele é uma enciclopédia ambulante de música, um dos maiores repertórios de conhecimento musical de que se tem notícia. Conversar com Ed equivale a praticamente uma aula magna de música. Mas falando sobre a sua música em particular,  o swing  de suas composições pegou o chef Shin Koike de jeito. “Sofisticado, urbano, híbrido, como a minha comida gostaria de ser”, resume Shin, que se encantou com a música brasileira logo que chegou ao Brasil. “Gosto daquele território que fica entre o mellow jazz e a bossa nova”, sem dar os nomes de seus compositores preferidos. Mas é certo que Ed Motta é um deles e foi com surpresa que soubemos que a recíproca é verdadeira. Quando convidamos Ed Motta para um almoço bate papo, ele concordou na hora. “Conheço o Aizomê e sempre quis conhecer o chef Shin Koike”, exaltou-se ao telefone. Ficamos de marcar uma data. Mas Ed não quis esperar. Dirigiu-se, sozinho, ao Aizomê naquele momento. Uma pena. Era domingo, e o restaurante estava fechado. Ficamos mesmo de marcar uma outra data.

Essa data não tardou. Foi numa tarde ensolarada de novembro e Ed Motta havia escapado de uma passagem de som para vir ao encontro de Shin Koike.

A conversa não poderia começar de outro jeito. Discos de vinil. São a paixão de Ed Motta. Seu acervo conta com aproximadamente 20 mil discos, arrematados em diversos países. “Tem vinil em todos os cantos de minha casa: na sala, na cozinha, no banheiro”, orgulha-se o colecionador. “Minha coleção é formada basicamente de LPs, mas tenho também os de 10 polegadas”. E de onde vêm esses discos em formato tão raro? “Tem um cara especializado, em Fukuoka, lá no sul do Japão, que tem um incrível acervo de LPs e discos de 10 polegadas, e é ele que manda para mim”. Na loja dele tem uma foto de Ed Motta na parede, não como cantor pop star, mas como o melhor freguês da loja.  “Nunca vi o dono da loja na minha vida, mas só dele já comprei 4 mil discos!”. Mundo estranho esse.

Ed fez questão de visitar o novo restaurante do chef Shin Koike, o Sakagura A1. Lá também, a conversa rolou em torno de discos de vinil. O livro estava praticamente pronto, na última fase de edição e tivemos a oportunidade de mostrar-lhe o boneco, encadernado em espiral. Foi uma emoção colossal.

Ed Motta checando o boneco do livro A Cor do Sabor, no Sakagura A1. Foto: Jo Takahashi

Mas hoje, estamos aqui também para divulgar o novo disco de Ed Motta, AOR (que significa Album Oriented Rock), com uma pegada  swing, pitada de jazz e arranjos sofisticadíssimos. Um álbum especial que já desponta entre os mais vendidos. Tem uma entrevista bem legal do Ed para a Revista Época. Quem quiser pode ler aqui.

Ed Motta: AOR Foto: divulgação

AOR pode ser encontrado nas melhores lojas de discos e pode ser baixado pelo iTune. Também versão em inglês, clicando aqui.

Caixinha de uni: preferido do Ed Motta.

Saideira: o Ed confessou que adora uni, ouriço do mar.  “No Japão levava caixinhas de uni para ficar comendo no quarto do hotel”, confidenciou para Jojoscope. Jin Nakahara, produtor musical em Tokyo e um dos maiores conhecedores de música brasileira no Japão, disse que provavelmente Ed Motta é o maior comedor de uni que ele conhece.

Saideira 2: “A propósito, quantos discos de música japonesa você tem, Ed?”, perguntou curiosamente o chef Shin Koike. “Tenho cerca de cinco mil só de música japonesa!” orgulha-se Ed. Ninguém no Brasil deve ter tanto. Aliás, ninguém no Japão deve ter tudo isso, pelo menos em casas.

Ed Motta e sua coleção de vinis. Foto: Domingão do Faustão / TV Globo

Mais sobre esta deliciosa conversa você encontra nas páginas do livro “A Cor do Sabor: A Culinária Afetiva de Shin Koike”, que agora chega às livrarias com o selinho Best of the World, outorgado pela Gourmand World Cookbook Award.

 

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