Entre a primeira ideia (que surgiu de uma necessidade prática mesmo de ter um espaço para eventos) até a concretização foram exatos 12 meses. Destes, 8 meses para a obra, um tempo recorde para instalar um Espaço Cultural bem equipado. O desafio foi aceito pelo engenheiro Marcelo Nagae, que alia seu conhecimento técnico em engenharia civil e construção com uma sensibilidade estética, que segundo ele próprio, foi adquirindo por osmose, no convívio profissional com arquitetos.
A iniciativa de criar o Espaço Cultural Marukai foi coordenada pelas sócias fundadoras do grupo Marukai, Lúcia Yamamoto Guo e Michelle Guo, respectivamente viúva e filha do fundador e patriarca, Johnny Guo, sempre assessoradas pela competente Elizabete Itani, que responde pelo comercial e as importações dos produtos expostos nas gôndolas das lojas Marukai e Maruso. Esse trio de mulheres guerreiras fincou estacas sólidas para que o projeto tomasse forma.
A área escolhida parecia esperar por uma ocupação assim, com vocação para se tornar um ponto de referência cultural no coração do bairro da Liberdade. É o terceiro andar do prédio da Maruso, na esquina da rua Galvão Bueno com a praça da Liberdade. Lugar estratégico: a literalmente dez passos da saída da Estação Liberdade-Japão do metrô, com uma bela vista para a praça, que serve de cenário para o novo espaço de cultura.
O espaço foi pensado para ser polivalente, com uma dinâmica de espaço que permite um multiuso, ideal para pequenas palestras, workshops e cursos, inclusive de gastronomia, pois está toda equipada com cozinha completa. O auditório, com cadeiras removíveis não fixas, permite vários layouts e é equipado com telão e projetor. As paredes foram aproveitadas para se tornarem uma minigaleria.
Galeria Marukai
Para a abertura do Espaço foram montadas duas exposições. Uma com pinturas em acrílico da artista plástica Midori Hatanaka. São três obras (uma de 80cm x 120cm, e duas de 100xm x 120cm), com seu estilo inconfundível, paleta de cores vivas com forte acento no vermelho e camadas em dourado, com toques japoneses aristocráticos.
Uma outra parede mostra os trabalhos de Edgard Max, único artista-artesão que trabalha com gyotaku no Brasil. Esta é uma técnica tradicional japonesa de impressão de peixes, utilizada originalmente por pescadores no século XIX para registrar o tamanho e a forma exata dos peixes que capturavam. São trabalhos que consistem em “carimbar” peixes em papel washi, geralmente com tinta sumi (carvão), extraindo os desenhos de suas escamas e contornos. Em alguns casos, Edgard complementa com pinceladas a cores, dando mais realismo ao resultado.
Estas obras todas estão expostas para visitação e para venda. Interessados podem marcar uma visita para ver as obras de perto, pelo email eventos@marukai.com.br e falar com Megumi.
As obras de Midori Hatanaka custam R$ 13.000,00 e os de Gyotaku variam entre R$ 2.520,00 a R$ 7.700,00 dependendo do tamanho.
Cozinha-show
O Espaço conta com uma cozinha-show, especialmente projetada para cursos e demonstrações de culinária. Com fogão de indução, geladeira, freezer , forno elétrico e micro-ondas de última geração e uma boa bancada de trabalho, ele é voltado para um auditório que comporta aproximadamente 40 pessoas. Em cima da bancada foi instalado também um telão retrátil onde é possível a projeção de vídeos.
A cozinha foi inaugurada pelo chef Adriano Kanashiro, do restaurante Kureiji, durante o evento de inauguração.
O evento de inauguração
A abertura oficial do Espaço aconteceu no dia 25 de junho, reunindo autoridades e personalidades do mundo cultural e gastronômico.
A cerimônia foi iniciada com uma comunicação de Lucia Yamamoto Guo, que enalteceu a memória do fundador, o empreendedor Johnny Guo. E não faltou a tradicional cerimônia do Kagami Biraki, quebra da tampa do barril de saquê. O brinde foi comandado por Michelle Guo.
O destaque nas atrações foi uma live painting de boneco Daruma, que no Japão é considerado um amuleto boneco tradicional japonês que representa persistência, boa sorte e realização de metas. Ele tem origem no monge indiano Bodhidharma, fundador do zen-budismo na China e no Japão, e é muito utilizado como símbolo de superação e determinação.
O maior produtor de bonecos Daruma no Japão é a centenária casa Imai Daruma-ten Naya, que fica na cidade de Takasaki, na província de Gunma. A cidade é conhecida como a meca do Daruma no Japão. E é de lá, dessa casa tradicional, que vieram os artesãos, especialmente para este evento: Imai Hirohisa e seu filho. O público não só pode assistir à performance, como no final, ganhou um mini Daruma para levar para casa.
Uma apresentação de shakuhachi (flauta tradicional de bambu) pelo mestre Danilo Tomic, encantou a plateia. Danilo é presidente da Associação Hôgaku e aproveitou a oportunidade para anunciar a realização do próximo Festival Mundial de Shakuhachi, que acontecerá em São Paulo, em 2028. “É um ano auspicioso pois irá se comemorar os 120 anos da Imigração Japonesa no Brasil”, justifica Danilo.
No evento foi também lançado o livro “Shogun: A Gloriosa Saga do Japão” de James Clavell. Na verdade, a publicação é um relançamento mais atualizado, agora com glossário e teve uma encadernação caprichada para as suas impressionantes 1120 páginas. Marcelo Naranjo, editor da editora JBC que lança o livro, falou sobre o livro e contou curiosidades sobre a epopeia histórica, que deu origem à série de streaming que conquistou os principais prêmios do Emmy Awards 2024 e do Golden Globe 2025. O livro está à venda na loja Maruso, ao preço de R$ 184,90.
Para encerrar a tarde de inauguração com chave de ouro, o chef Adriano Kanashiro trouxe algumas de suas criações elaboradas para o novo restaurante Kureiji, que foi também matéria em Jojoscope. Acompanhado de seu sócio, o empreendedor Reinaldo Queija e a equipe do restaurante, Adriano apresentou receitas inusitadas e surpreendentes em forma de finger food.
Como será a dinâmica do Espaço Cultural
A programação do Espaço Cultural pretende ser bastante variada e terá como foco a divulgação da arte e da cultura japonesa e asiática, com atividades como cursos, workshops, palestras e demonstrações. Estão previstos lançamentos de livros e uma curadoria voltada para a área literária, com a participação de editoras que publicam títulos de literatura e cultura japonesa. A Galeria também pretende ser um mostruário permanente de artistas que trabalham com temas asiáticos.
Por outro lado, o Espaço está aberto também para ocupação de projetos que sejam propostos de fora. É o caso de uma apresentação de vinhos japoneses da província de Yamanashi, que aconteceu no dia 14 de julho e que atraiu a curiosidade do mundo enogastronômico.
Entidades ou pessoas físicas interessadas podem apresentar seus projetos, devidamente detalhados pelo email eventos@marukai.com.br
ESPAÇO CULTURAL MARUKAI
Praça da Liberdade, 276 2º andar (entrada pela Loja Maruso) São Paulo
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Fotos: Nicolas Ruiz (Insanidade Visual) e Rafael Salvador (Nikko Fotografia)
