Mortes no Ano Novo. Sabe por que?

No Japão, há mais mortes por entalo de comida na garganta do que por Covid, acreditem. 

Literalmente, o Japão inteiro comendo mochi (bolinho de arroz glutinoso) no ozouni, o ensopado que dá início ao ano. Trata-se de um ritual que praticamente todos os japoneses cumprem. Dá sorte e atrai prosperidade, acreditam. Veja nossa matéria sobre o mochi e ozouni, clicando aqui

Mas é a época também em que os prontos socorros são procurados por pessoas que engasgam com o mochi na garganta. Em pleno primeiro dia do ano, os hospitais e serviços de emergência estão preparados para atender estes acidentes domésticos. O mochi, quando bem feito, é extremamente elástico e glutinoso e “pega” na garganta. Muitos não conseguem engoli-lo e ele fica entalado, provocando o que na Medicina é chamado de Disfagia. Esse entalo de alimentos na garganta atinge especialmente os idosos, e não é propriamente uma doença, mas um acidente, mas pode esconder algum problema mais grave no esôfago. 

Segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar do Japão (厚生労働省), o número médio de acidentes fatais por disfagia provocado por dificuldade de engolir comida entre idosos acima de 65 anos é de 3.500 casos por ano, sendo que 43% ocorrem em janeiro, especialmente nos primeiros dias do ano, quando é costume se comer mochi. O mais incrível é quando comparamos esse número com as estatísticas de morte por Covid-19 no ano, no Japão: 3.369 casos fatais no ano. 

Lembram-se do filme Tampopo (“Os brutos também comem macarrão”, direção de Itami Juzo, 1985), icônico filme no estilo spaghetti-western, sobre ramen? Há uma cena hilária em que um idoso fica sufocado comendo mochi. No filme, era um oshiruko, um ensopado de feijão doce com o mochi grelhado, mas o efeito puxa-puxa é o mesmo do ozôni. 

A cena, você assiste aqui: 

O velhinho é salvo por um aspirador de pó (!!). 

Para evitar acidentes, o Ministério recomenda cortar o mochi em pequenas fatias, fáceis de comer. Outra solução é hidratar o duto até o estômago, com líquidos como chá ou a própria sopa do ozôni. Ou seja, não vá com muita sede ao pote. 

 

 

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