Ueno. Shimada. Kimura. Sobrenomes que assinam cervejas com toques japoneses. A inspiração vem de insumos característicos dos sabores que costumeiramente temperam a culinária japonesa, como o cítrico yuzu, o wasabi e o gengibre. Fernanda Ueno, Yumi Shimada e Maíra Kimura estão por trás desta alquimia.
As cervejas Japas têm uma pegada artesanal. As três cervejeiras buscam harmonizar a ancestralidade da ascendência nipônica nas cervejas, que são uma paixão bem brasileira. Os produtos lançados pelo trio têm um apelo visual sofisticado e temas antenados com o tempo, mostrando sintonia com as tendências da gastronomia. É o caso do wasabi, que todos já conhecem como complemento para potencializar a experiência com o sashimi e o sushi, ou então o yuzu, o cítrico queridinho dos restaurantes japoneses, que o brasileiro agora começa a descobrir. Mas há outras referências, que podem ser históricas, como é o caso do Kasato Maru, o nome do navio que trouxe os primeiros imigrantes ao Brasil em 1908, o Kawaii, que remete ao estilo Kawaii da moda urbana japonesa que tem como epicentro Harajuku e Takeshita Street em Tokyo, ou esportes como o Sumô, a centenária luta de gigantes, que é travada dentro de uma arena circular. Tem também uma homenagem ao Choux Cream, a carolina com recheio de creme de baunilha que pegou os brasileiros de jeito. Neste tema, quem foi lembrada foi Vivianne Wakuda, uma das primeiras patissières a revelar este doce ao público brasileiro e a cerveja se chama, divertidamente, Shu Kurimu. E há todo um estudo da semântica dos nomes com os sabores de cada linha de cerveja. Por exemplo, o Sumô tem um gosto mais potente, com um amargor controlado. O Kawaii já se percebe no próprio design da lata, todo cor de rosa e a bebida acompanha essa paleta, com toques de amora e framboesa. Já o Kasato Maru é uma homenagem aos imigrantes japoneses, e a fruta que dá o sabor nesta cerveja é o decopon, uma laranja que veio do Japão e foi aclimatada ao Brasil. Vale a pena passear pelo site, ler a descrição de cada linha de bebida que a Japas Cervejaria está trazendo, e o que podemos dizer é que inspiração não falta.
Além das cervejas artesanais, a Japas Cervejaria também produz o Haiboru (Highball), um drinque que mistura um destilado e um carbonatado, como o Scoth & Soda. Ele foi na verdade, criado na Inglaterra, mas caiu nas graças dos bares e izakayas do Japão, onde ele costumar ser chamado na pronúncia japonesa: haibôru. Como em muitas coisas que foram importadas, o Japão aperfeiçoou a receita original, e transformou o drinque informal em um coquetel perfeito. A Japas lança duas versões do coquetel já pronto para beber: o Haiboru Clássico e o Haiboru Yuzu. Ambas usam whisky e água gaseificada, e o Yuzu tem adição da fruta cítrica, extremamente aromática. O segredo do Haiboru é servir em um copo de cristal ou então, em uma caneca com alça, com bastante gelo. O ideal é que o gelo seja grande (não aqueles cubinhos minúsculos), para manter a temperatura ideal do Haiboru, que é bem gelado.
Recebemos as últimas cervejas em garrafa produzidas pela marca. Em junho, toda a linha básica da Japas adotou as latinhas de 310 ml. Elas explicam: “A luz altera o sabor da cerveja, pois pode provocar reações em substâncias presentes no lúpulo, e a lata de alumínio é totalmente vedada, protegendo a cerveja da luminosidade, além de ter um fechamento hermético perfeito, evitando a oxidação do produto“. Com essa embalagem mais leve, mais sustentável (98% de índice de reciclagem no Brasil), menor volume, a logística de transporte e distribuição fica mais facilitada. A substituição está sendo gradual e para o consumidor, as latinhas permitem experimentar os diversos sabores. Além disso, as latinhas se acomodam melhor na geladeira e podem ser transportadas com mais facilidade, para um piquenique por exemplo.
As comidas típicas de izakaya, os botecos japoneses, combinam com cerveja. Vale a pena pensar em harmonizações. Prove a panceta Kakuni (sim, aquela que derrete na boca) com o Sumô. O Matsurika, que tem um sabor de chá de jasmin, é delicado e suave, e deve combinar com peixe marinado no vinagre e por seu teor adstringente, limpa a boca para a próxima sequência de gostosuras. O Shu Kurimu, que tem uma combinação de baunilha com matcha, pode servir de saideira, para acompanhar a sobremesa, que, claro pode ser um choux cream de matcha, como qualquer outro doce.
E nós testamos algumas combinações inusitadas. Como era época de abacate, cortamos abacate em cubinhos e colocamos nattô (grãos de soja fermentada) no topping e temperamos com um bom shoyu (no caso um Kikkoman Less Salt). A combinação com o Matsurika foi surpreendente. A cremosidade do abacate com o sabor intenso do fermentado do nattô casaram muito bem com o Matsurika, um blend de Bohemian Pilsner com pétalas de flor de jasmin. Essa flor é chamada de Matsurika no Japão, e esta cerveja tem um sabor mais suave e delicado, deixando o nattô brincar pra valer dentro da sua boca, sem se sobrepor a ele.
Site da Japas Cervejaria, vale a pena dar uma espiada pois a linha toda é muito inspirada.
E aqui o Instagram da Japas Cervejaria, onde elas são mais ativas na comunicação.