A escritora japonesa Eiko Kadono (角野栄子) recebeu, na última segunda-feira, 26 de março, o prêmio Hans Christian Andersen de 2018, uma espécie de Nobel da literatura infantil, durante a Feira de Livros Infantis de Bolonha, na Itália. Sua obra mais famosa provavelmente é “Majo no Takkyubin” (“Serviço de Entregas da Kiki”), de 1985, que foi adaptada para animação pelo diretor Hayao Miyazaki em 1989. A história é sobre a jovem bruxa Kiki, que sai de casa aos 13 anos para morar sozinha por um ano, como manda a tradição das bruxas, usando seus próprios talentos para sobreviver. Para isso, Kiki, como qualquer adolescente, enfrenta situações que a desafiam a conquistar confiança em si própria e a afirmar sua identidade.



Um aspecto curioso da vida de Eiko, mas que influenciou muito a sua carreira como escritora, é que ela viveu no Brasil por dois anos. Pouco depois de se formar em Literatura Inglesa pela Universidade Waseda, em 1957, ela emigrou para o Brasil, em 1960. Estava, então, com 25 anos, e sempre tivera muita vontade de conhecer o mundo. Depois, viajou pela Europa, Estados Unidos e Canadá, e voltou ao Japão. Em uma entrevista a um portal de notícias da Waseda, concedida em 2015, Eiko contou que foi um antigo professor da faculdade que a incentivou a escrever sobre sua experiência no Brasil. E assim nasceu o seu primeiro romance, com o título “O Brasil e meu amigo Luizinho”. Desde então, escreveu cerca de 200 obras, muitas delas traduzidas para várias línguas. Infelizmente, no Brasil, não há nenhum título seu publicado por editoras brasileiras.
Para Eiko, a imaginação é uma das grandes características humanas, que ajuda a abrir portas para a criatividade e para interagir de forma global. “Mesmo sem entender português quando me mudei para o Brasil”, conta ela nessa mesma entrevista, “eu tentava usar as poucas palavras que sabia para me expressar, e conseguia me comunicar combinando algumas delas e ajustando a entonação da voz”.
Segundo os responsáveis pela premiação desta semana, há um inefável charme e compaixão no trabalho da escritora. “Embora Kadono tenha viajado muito pelo mundo, suas histórias estão profundamente enraizadas no Japão e nos mostram um Japão cheio de pessoas inesperadas.”
Além de Eiko, que recebeu o reconhecimento como escritora, o prêmio Hans Christian Andersen também foi dado ao artista russo Igor Oleynikov, por seu trabalho como ilustrador.

(Colaboração de Chiaki Karen Tada, especial para Jojoscope)