Num momento turning point, Fernanda Yamamoto empreendeu diversas viagens em busca de raízes brasileiras. O destino apontou para Cariri, na região da caatinga paraibana e foram ao todo sete viagens, a primeira solitária, para um site inspection introspectivo, e depois na companhia do staff e da produção. Distante 250 km da capital João Pessoa, a região é composta por 29 municípios, assentados em terras secas e um sol assassino. Nesse ambiente, mulheres rendeiras tecem seus fios, entrelaçando histórias e memórias.
Dessa paisagem árida, Fernanda extraiu ternura, ao convocar 77 rendeiras do coletivo Cunhã, que produzem a tradicional renda renascença, patrimônio do saber local, e trazer sua produção para as passarelas da São Paulo Fashion Week, antes passando por seu estúdio, onde estas rendas foram trabalhadas e repropostas para a Coleção Outono-Inverno da grife, em produção totalmente manufaturada.
Como a referência e a temática são rendas, tudo resulta mais leve. Além da renda, retalhos em feltro em tons pastel compõe a cartela de cores. Fernanda substitui os tradicionais motivos florais por padronagens geométricas e referências íntimas da caatinga: nuvens, galhos secos, desenhos que as rachaduras produzem nas paredes de adobe, cercados, que por sinal foi o cenário montado na passarela.
No desfile, as mulheres rendeiras tiveram vez. Elas foram as estrelas da passarela. Destaque também para a avó de Fernanda, dona Alice Michiko, de 83 anos, conduzida por María Agustina Comas, estilista e diretora da Comas São Paulo.
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