Procura por ingressos faz violonista japonês dar concerto extra
Em 2014, o violão erudito ganha destaque especial na série Música de Câmara 2014, da Sociedade de Cultura Artística. Ao longo do ano, quatro grandes nomes do instrumento estarão se apresentando em São Paulo.
O primeiro deles pode ser, sem exagero, considerado um dos maiores virtuoses do violão na atualidade. Trata-se do japonês Yamashita Kazuhito, nascido em Nagasaki, em 1961, e dono de uma impressionante discografia: ao todo, lançou nada menos que 78 álbuns, entre LPs e CDs. Ele tinha marcado uma apresentação em São Paulo, dia 17 de maio, às 20h, no Maksoud Plaza. Porém, a procura por ingressos para esse espetáculo foi tão grande que Yamashita vai dar um concerto extra na cidade, dois dias antes, em 15 de maio, às 21h, no Espaço Promon, executando programa diferente.
Aos 16 anos, Yamashita foi o mais jovem vencedor da história do Concurso Internacional de Violão de Paris. Desde então, viajou o mundo todo, tocando em salas como o Musikverein Grosser Saal, de Viena, e o Lincoln Centre, de Nova York. Também apresentou-se ao lado de diversas orquestras, maestros como Leonard Slatkin e Rafael Frühbeck de Burgos, e solistas como James Galway (flauta) e Gary Karr (contrabaixo), entre outros.
Em 2004, Yamashita e sua esposa, a compositora Keiko Fujiie, fundaram o “Kazuhito Yamashita Family Quartet (Kazuhito Yamashita + bambini)”, no qual ele e seus filhos interpretam um repertório original. Em 2010, seu filho mais novo juntou-se ao grupo, formando um quinteto. Já se apresentaram na Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, República Tcheca, Hungria, Estados Unidos, Coreia, Singapura, Vietnã e Japão.
Dono de uma técnica original e inigualável, fez de sua marca registrada a execução de obras compostas para outros instrumentos, revelando novas perspectivas em seus próprios e visionários arranjos para violão solo de obras ambiciosas como “Quadros de uma Exposição” (Mússorgski) e a “Sinfonia do Novo Mundo” (Dvorák).
Para os concertos em São Paulo, Yamashita escolheu dois programas diferentes e variados, que demonstram sua versatilidade, virtuosismo e variedade de interesses. No Espaço Promon, Yamashita toca uma peça de Mompou, e duas transcrições de Bach. Já no Maksoud Plaza, ele executa três transcrições de obras de Bach, Rimski-Kórsakov e Dvorák, além de uma obra escrita por sua esposa.
Os próximos violonistas a se apresentarem na série Música de Câmara 2014 serão o uruguaio Eduardo Fernandez, o brasileiro Fabio Zanon e o italiano Aniello Desiderio.
As obras
Mompou – Suíte Compostelana
Frederic Mompou (1893-1987) foi um compositor catalão que estudou em Paris, e dava aulas sobre sua própria música em Santiago de Compostela. Escrita em 1962 para seu compatriota, o violonista Andrés Segovia, a Suíte Compostelana, de Mompou, tem algo do caráter delicado e intimista que perpassa suas miniaturas para piano e canções.
Trecho da Suíte Compostelana, de Mompou, interpretado no violão por Yamashita. No filme “Cria Cuervos”, de Carlos Saura, esta peça foi tocada ao piano.
Bach – Chaconne da Partita nº 2 para violino solo BWV 1004
Nome de referência dentre os violinistas do século XX, Yehudi Menuhin chamava a Chaconne de “a maior estrutura para violino solo que existe”. O desafio da versão de Yamashita é transportar para o mundo do violão essa obra-prima da arquitetura barroca de J. S. Bach.
Rimski-Kórsakov – Canção da Índia, da ópera Sadkó
Yamashita fez uma versão para violão solo de uma das mais belas melodias de Rimski-Kórsakov, o compositor russo mais conhecido pela suíte sinfônica Scheherazade. Sadkó (1898) é um conto de fadas ambientado na Rússia do século XII, e a Canção da Índia é uma ária de tenor – na verdade, sua tradução literal seria Canção do Convidado Indiano, já que é um mercador vindo da Índia o personagem que a entoa, descrevendo as belezas de sua terra.
Keiko Fujiie – Candlemas
Nascida em Kyoto, em 1963, Keiko Fujiie é uma requisitada e premiada compositora japonesa, cujo catálogo inclui obras orquestrais, vocais, para instrumentos tradicionais do Japão e, obviamente, uma série de peças para violão, especialmente escritas para seu marido, Kazuhito Yamashita. Candlemas (Candelária) faz parte do disco Amazing Grace, que Yamashita lançou em 2006.
Dvorák – Largo da Sinfonia n. 9 – Do Novo Mundo
Um dos “pais fundadores” da música nacional tcheca, o compositor boêmio Antonín Dvorák (1841-1904) viveu nos EUA entre 1892 e 1895, como diretor do Conservatório Nacional de Música, em Nova York, celebrando o país na célebre Sinfonia n. 9 – Do Novo Mundo (1893). A transcrição para violão solo de Yamashita captura o lirismo de seu movimento lento, o Largo que, em 1922, ganhou letra William Arms Fisher, transformando-se no spiritual Goin’ Home.
J. S. Bach Suítes para violoncelo n. 1 BWV 1007, e n. 6 BWV 1012
As seis suítes que Johann Sebastian Bach (1685-1750) escreveu para violoncelo solo se tornaram marcos na literatura do instrumento. Yamashita propõe uma nova escuta do universo Barroco de Bach, transpondo sua música, do arco do violoncelo, para as cordas dedilhadas do violão.
Serviço
Cultura Artística – Série de Câmara 2014
YAMASHITA KAZUHITO , violão
15 de maio (quinta-feira) – 21hs
Local – Espaço Promon (350 lugares)
Avenida Juscelino Kubitschek, 1830 – Itaim – São Paulo – SP
Programa
Frederic Mompou Suíte Compostelana
J. S. Bach/arr. Kazuhito Yamashita Chaconne da Partita nº 2 para violino solo BWV 1004
J. S. Bach/arr. Kazuhito Yamashita Suíte para violoncelo nº 1 BWV 1007
17 de maio (sábado) – 20 hs
Local – Teatro Maksoud Plaza (420 lugares)
Alameda Campinas, 150 – Jardim Paulista – São Paulo – SP
Programa
N. Rimski-Kórsakov / arr. Kazuhito Yamashita Canção da Índia, da ópera Sadkó
Keiko Fujiie Candlemas
A. Dvorák / arr. Kazuhito Yamashita Largo da Sinfonia nº 9 – Do Novo Mundo
J. S. Bach/arr. Kazuhito Yamashita Suíte para violoncelo nº 6 BWV 1012
Ingressos – R$ 60,00 – (R$ 30,00 meia-entrada para idosos e estudantes)
À venda pela Ingresso Rápido – www.ingressorapido.com.br ou 11-4003-1212
Duração – Aproximadamente 60 minutos, sem intervalo
Mais informações – www.culturaartistica.com.br