Os registros imaginários de Márcia Kikuchi

Márcia Kikuchi é uma artista que trabalha, hoje, com a delicadeza do papel como suporte. Na individual, que inaugura neste dia 19 de Junho, na Mônica Filgueiras Galeria, ela transita por várias técnicas que vão da aquarela, passa por xilogravura, insere recortes e colagens, e ainda faz uma breve reverência no sumiê, a técnica da pintura com nanquim. Parece que este cruzamento entre a delicadeza do suporte e as energias distintas das várias técnicas a fascinam e a impelem a ir adiante, incluindo também registros fotográficos pessoais. Assim, o universo lúdico de sua dimensão pessoal passa a interagir com a construção das composições.

As obras estão dispostas, sem títulos, para permitir o flâneur pelas imagens, até repetidas vezes, sem o apelo a sugestões que canalizem a conclusões programadas. Cada olhar vai construir uma imagem diferente, e é certamente isso que a artista pretende.

Antes do papel, Marcia Kikuchi já experimentou a acrílica sobre telas com inclinações figurativas, porém adotando o abstrato em seguida, que revela a destinação de seu percurso criativo, que privilegia hoje uma narrativa intuitiva fluindo pelas cores, do que as justificativas das formas.

Formada pela Fundação Escola de Belas Artes de São Paulo, conhecida pelo seu rigor acadêmico, a artista vem traçando sua trajetória e ganhando intensidade através das diversas exposições individuais, muitas delas na França, e participações em salões na Itália e nos Estados Unidos.