Muito além do animê

O Anima Mundi, o maior festival de animação da América Latina completa 20 anos e está cada vez melhor, com conteúdos mais abrangentes e uma programação consolidada. Começa tradicionalmente no Rio de Janeiro, onde já está bombando (de 13 a 22 de Julho) e chega a São Paulo no dia 25 de Julho.

Cartaz de Guilherme Masrcondes

Jojoscope pinçou uma das matérias do blog do Anima Mundi, que fala sobre a participação japonesa de anos anteriores, focando no trabalho de

Antes, curtam aqui a vinheta oficial, que abre todas as sessões da programação, animado por Birdo. A trilha é de Anvil FX.

A Cabeça de Koji Yamamura

Animação japonesa não se resume a animes. Os animes são descendentes dos mangás, que possuem uma estética marcada pelos personagens de olhos grandes, bem definidos e com muito brilho. Há um exagero na velocidade de movimentos, no humor rasgado e nas expressões dos personagens, como a gota de água na testa que mostra constrangimento ou os dentes aparecendo repentinamente quando o sentimento é de raiva. Mas existem animadores em Tóquio que preferem entrar na contra-corrente.

Os personagens de animes: olhos grandes e a tradicional gota d'água

A arte de Koji Yamamura, por exemplo, nada tem a ver com os exageros dos animes. Sutileza é uma característica sempre presente nos trabalhos do animador, que ilustrou o cartaz do ANIMA MUNDI de 2008. Suas animações são feitas com desenhos que não buscam o realismo. Suas personagens não são belas: Yamamura desenha seres gordinhos, de carecas a peludos.

O traço de Koji ilustra personagens excêntricos, feios, diferente dos animes

E ele tem discípulos. Seus alunos do departamento de animação da Tokyo University of Arts têm dados frutos no ANIMA MUNDI. Na edição deste ano um dos selecionados foi o curta Recruit Rhapsody de Maho Yoshida, que, assim como seu professor, tem uma estética longe da dos animes.

Recruit Rhapsody de Maho Yoshida, cria de Yamamura, será exibido no ANIMA MUNDI deste ano

 

As produções de Yamamura mostram a sociedade atual de uma maneira lúdica, nem um pouco óbvia. No curta Atama Yama (Monte Cabeça), exibido no ANIMA MUNDI 2003 e indicado ao Oscar, um microcosmo da população de Tóquio se instala na cabeça do personagem principal. Ao falar de uma situação particular, Koji na verdade faz um retrato crítico da sociedade atual segundo sua perspectiva: materialista, individualista e caótica.

Veja aqui Atama Yama.

No decorrer do filme, o personagem principal passa por uma catarse. Torna-se impossível conviver em sociedade, e ele, saturado de se relacionar com pessoas que têm apenas interesses próprios, olha para dentro de si – literalmente. O final é impactante, e Koji Yamamura mostra que o Japão tem muito mais a oferecer para os amantes de animação.

Koji Yamamura, figurinha carimbada do festival, em seu ateliê: ir contra a corrente dá trabalho

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