Além das doações, além da felicidade de quem saboreou o festival Kaiseki no Restaurante Hideki, um outro fator merece atenção. Como resultado deste projeto, três produtos de design acabaram surgindo de forma espontânea no Hideki.
Primeiro, foram os origamis de Adriana Suzuki. A ideia original era decorar o salão com ikebanas. Foi pensado até em um rodízio de arranjos porque as flores não duram muito, e além disso, existem muitos estilos de ikebana, e teríamos que ser neutros, sem privilegiar uma ou outra escola. Pela dificuldade de produzir tantos ikebanas, e pela logística de leva e traz de professoras, abortamos a ideia. Mas surgiu a ideia de buquês de origami, que a assessora de imprensa do Hideki, Vanêssa Rocha Rego, teve ao ver o site dela. Aliás, que lindo site, e que belos trabalhos da Adriana, confiram aqui.
Adriana topou na hora, com aquele sorriso contagiante. E produziu a toque de caixa, pendentes e buquês que permaneceram durante todo o festival. No dia da doação, chegaram mais peças, inéditas. O público gostou, e agora as peças vão fazer itinerância pelas outras unidades do Restaurante Hideki, em Moema e Pinheiros. Se a moda pega, todos os restaurantes vão querer as peças de Adriana !!
O envelope de hashi foi encomendado para a desenhista e pintora Erica Mizutani, que povoa a JojoGallery com todo o requinte. Em três versões, Erica optou por tons pastéis puxados para uma paleta de cores e padronagem de inspiração japonesa, como nuvens e carpas. O protótipo foi produzido pelo designer Elias Akl Junior, e ficou um charme só. De longe, é um dos mais bonitos porta-hashis que existem. Tomara que seja produzido de fato, mas só este protótipo já está valendo como um belo produto de design.
E o outro produto acabou aparecendo no dia da doação. O diretor da Kikkoman do Brasil presenteou o Restaurante Hideki com 40 unidades de dispenser de shoyu, importado da Holanda. Este protótipo, por incrível que pareça, foi produzido originalmente em 1961, portanto há exatos 50 anos atrás e continua esbanjando glamour. O dispenser foi desenhado por um dos mais importantes desenhistas industriais do Japão, Kenji Ekuan (82), e ele participou do movimento metabolista, que recebe agora uma grande exposição do Mori Museum of Art. Veja aqui sobre a exposição. O dispenser tem dois furos na tampa, o que permite controlar a saída do shoyu abrindo ou obstruindo um dos furos.
Este dispenser virou sinônimo da Kikkoman no mundo todo. Em 1993, Kenji Ekuan recebeu o prêmio Japan’s Good Design Award. A peça foi introduzida também no acervo do MoMa, o Museu de Arte Moderna de Nova York. A nova versão, trazida em primeira mão, tem um formato ligeiramente diferente, mais uniforme em seu conjunto, sem a curva acentuada no bojo. Mas perde um pouco em impacto.
E você, qual prefere?