Sabadão Musical: Mawaca

Mawaca Ikebanas Sonoros, dias 18 e 19 de Junho no SESC Pinheiros

A sonoridade do Mawaca é única. O grupo consegue fazer uma alquimia musical com elementos de diferentes culturas musicais, interligando-as pelo ritmo, pelo caráter melódico ou até mesmo pelas letras ou mensagens. Com isso, cria um amálgama que vai muito além dos rótulos de música erudita, folclórica ou popular.

Mawaca Ikebanas Sonoros traz como convidados as irmãs Daniella e Deborah Shimada no taiko, a professora Tamie Kitahara, no shamisen e no kotô, e Shen Ribeiro, na flauta shakuhachi

Hoje, Jojoscope abre o Sabadão Musical com um projeto em homenagem ao Centenário da Imigração Japonesa, que aconteceu em 2008. Lá no grande auditório do Centro de Convenções do Anhembi se reuniram a Orquestra Jazz Sinfônica, regida pelo maestro João Mauricio Galindo, o Grupo Mawaca, liderado pela cantora e etnomusicologista Magda Pucci e o Grupo Taiko-Shô, de Setsuo Kinoshita. Mais de cem músicos se juntaram neste concerto sem precedentes. Aqui, um excerto, de Soran-Bushi, uma canção de pescadores do norte do Japão, da ilha de Hokkaido.

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO BUSHI

Transcrevemos a informação destas duas músicas do site mawaca.com.br com pequenas adaptações para o blog.

Tamota é uma canção usada para dar início à troca ritual de presentes e comidas entre dois grupos, os da aldeia e os da floresta. Consta que essa música pertence ao grupo de Kritão, um importante chefe Txucarramãe, já falecido. No meio do canto Txucarramãe, Mawaca funde um trecho de Kokiriko bushi, a canção folclórica mais antiga do Japão, do vilarejo Toga, na província de Toyama. Cantada pelos plantadores de arroz, ela tem a função de pedir aos deuses xintoístas proteção e uma boa colheita. Essa canção aprendida oficialmente nas escolas, ficou por muito tempo esquecida no início do século XX, quando foi vetado o contato com canções de estilo folclórico – o min-yo. Mas nesta última década, ela se popularizou novamente e ganhou até versões para ringtones de celular!
Kokiriko é também um instrumento de bambu de 23 centímetros, cujo som, parecido com o de uma matraca, é usado pelos cantadores enquanto percorrem os arrozais. Assim se comunicam entre as montanhas. Na verdade, Kokiriko é um tipo de bambu usado nos telhados das fazendas centenárias de Toga, hoje considerada patrimônio cultural por conta dessa tradição milenar. E esse bambu usado nas construções, quando secava, produzia um som tão bonito que acabou por dar origem ao instrumento.

E como se encontram esse Brasil e esse Japão?

Esse é um encontro tão surpreendente quanto inescapável! As duas canções se referem a costumes comuns aos japoneses e aos índios brasileiros: ambas fazem parte de momentos rituais coletivos em que a natureza como provedora se torna motivo para cantar às forças superiores, pedindo que intercedam pelo bem do grupo.

TAMOTA MORIORE/KOKIRIKO NO BUSHI

Txucarramãe (Mato Grosso) e Toga (Japão)
canto de despedida dos Txucarramãe, grupo Kayapó do Xingu
cantiga folclórica japonesa de Toyama
baseada em áudio do LP Xingu Cantos e Ritmos – Phillips 1972
transcrição, adaptação e arranjo: Magda Pucci
base eletrônica: Xuxa Levy

Tamota moriore, more timore timore, timore
Re timore, timore timore

Kokiriko no take wa
Shichisun gobu djá

HOTARU KOI

Este é o hit do Mawaca, apresentado a Capela.

A canção narra crianças caçando vagalumes, e é cantada desde o início da Era Edo, no século 17 e representa um momento do entardecer do verão, quando a magia do piscar dos vagalumes invade a paisagem bucólica e as crianças se põe a correr atrás de suas luzes.

E pra você conhecer mais sobre o Mawaca, Jojoscope traz aqui o documentário Mawaca: Cantos do Mundo, produzido sobre o Grupo, de 15m, dividido em três segmentos.

Direção: Katia Klock
Montagem: Paulo Calasans
Realização: Contra Ponto

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