Com a quarta dose da vacina contra a Covid-19 devidamente tomada, retomamos, ainda timidamente, as nossas visitas presenciais aos restaurantes. E o primeiro estabelecimento escolhido não poderia ser diferente: o “novo” Aizomê, da chef Telma Shiraishi, que recebeu uma consistente repaginada em suas ambientação. O autor do projeto é o arquiteto Roberto Kubota, e já havíamos divulgado uma simulação do que seria o novo espaço, nesta matéria que publicamos aqui.
Mas, evidentemente, é preciso experimentar o espaço para sentir no corpo essa transformação e a surpresa foi colossal.
O balcão é um palco em um restaurante japonês. E dentro do balcão que o sushi-shokunin (preferimos assim, no original, do que o termo sushiman, pois shokunin remete ao artesão obcecado pela perfeição, e não simplesmente um “fazedor de sushi”). A sua habilidade no corte dos peixes, a leveza em manipular o shari (arroz do sushi), a elegância dos movimentos, tudo está sendo observado pelos poucos privilegiados que podem se sentar no balcão. É por isso que sentimos, na concepção anterior do Aizomê nesse espaço, a presença de uma luz que pudesse nos mostrar melhor essas cenas. O balcão do Aizomê no projeto original era muito escuro, e até entendemos o conceito, que remete ao yuguen, a uma estética do teatro Nô onde o limiar da penumbra sugere a contenção e o mistério. Mas no caso de um balcão, onde queremos enxergar o alimento e decifrar os detalhes do prato, a escuridão é por demais desconfortável. Nem conseguíamos ler direito o cardápio por causa dessa penumbra.
A “nova luz” injetada de forma delicada e inteligente pelo arquiteto Roberto Kubota revigorou o ambiente, trazendo uma luminosidade confortável, muito condizente com a “comfort food” proposta pela chef Telma. Nada de spots focados em cima dos pratos, como em muitos balcões esnobes, mas uma luz envolvente, indireta, acolhedora. E numa intensidade que permite a apreensão visual dos pratos que desfilam em sequências saborosas, agora também visualmente.
Faltou visitar a sala Origami, no segundo andar, que provavelmente deve ter recebido também uma iluminação com a mesma intensidade de conforto.
Também nos surpreendeu a reforma que praticamente descobriu novos espaços na antiga construção, especialmente na garagem, onde foi instalada a loja. A parede do fundo foi derrubada, e se descortinou mais espaço para abrigar uma cozinha de produção e montagem para delivery e take-out. Também vimos passagem por um subsolo que não existia e até um escritório para a chef. Enfm, mais conforto também para toda a equipe que trabalha lá.
Nessa noite, experimentamos o Saishoku Omakase, resultado de uma pesquisa apurada da chef Telma Shirashi, que é uma sequência de shôjin ryôri, a refeição vegetariana e vegana japonesa. Mas vamos deixar esta pauta para uma matéria independente, pois o conteúdo merece.
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