Nô: Funa-Benkei

Peça de Teatro Nô:

Funa-Benkei (Benkei no barco)

Autor: Kanze Kojiro Nobumitsu

Época de concepção: período Muromachi (1337 a 1573)

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Kokata UZAWA HIKARU

Shite WAKEBAYASHI MICHIHARU

Waki HARA MASARU

Tsure HARA RIKU

Ai OGASAWARA TADASHI

 

Taiko (tambor) TANIGUCHI MASATOSHI

Taiko (tambor) INOUE KEISUKE

Kotsuzumi (tambor pequeno)  FURUTA TOMOHIDE

Fue (flauta) SAKO YASUHIRO

Ji-utai (coro fundamental)

Takeda Hiroshi

Mikata Shizuka

Furuhashi Masakuni

Umeda Yoshihiro

 

Foto: Alexandre Nunis
Foto: Alexandre Nunis

Funa-Benkei   é apresentada em duas partes com um interlúdio, chamado Ai Kyoguen. Na primeira parte – Tristeza de Shizuka – Yoshitsune e Yoritomo, os irmãos líderes do clã Guenji, acabam de ganhar a guerra contra o clã Heike. Por conta de um boato mentiroso, Yoritomo acredita que seu irmão o esteja traindo. Por isso Yoshitsune foge numa viagem perigosa que o obriga a separar-se de Shizuka, sua mulher. Na segunda parte – Luta contra o fantasma – durante sua viagem marítima, Yoshitsune é atacado pelo fantasma de Taira no Tomomori, samurai da família Heike morto pelo próprio Yoshitsune. Ao final, o fantasma vencido desaparece no branco das espumas das ondas.

Neste video apresentamos apenas parte da primeira parte da peça.

Sinopse

Embora Minamotono Yoshitsune tivesse contribuído na aniquilação do clã Heike, seu irmão Yoritomo suspeitou sua traição, e Yoshitsune passou a ser perseguido pela autoridade de Kamakura. Yoshitsune, planejando fugir para as províncias ao oeste de Kyoto, chega até a baía de Daimotsu, na província de Settsu (correspondente à atual região do norte de Osaka e sudeste de Hyogo), junto com seus fieis servos, dentre eles, Benkei.  Shizuka Gozen, concubina de Yoshitsune, também estava acompanhando o grupo. Porem havia muitas dificuldades para uma mulher continuar numa jornada tão árdua e  ela acabou retornando a Kyoto conforme os conselhos de Benkei. No banquete de despedida, Shizuka exibe a sua dança, orando pelo futuro de Yoshitsune, desejando o reencontro. Shizuka despede-se de seu amado em lágrimas.

Benkei ordena forçosamente a partida do barco, visto que Yoshitsune estava hesitante em continuar a fuga, tomado pela tristeza da despedida. Tão logo o barco saiu ao alto-mar, este é repentinamente atingido por uma tempestade, e os espectros do clã Heike, derrotados por Yoshitsune na Batalha de Dan’noura, surgem sobre as ondas. Entre eles, o espírito vingativo de Taira-no-Tomomori, general do clã Heike naquela batalha, atacou Yoshitsune com seu naguinata (arma formada pela junção de uma lâmina na ponta de uma longa haste), tentando a todo custo, afundar Yoshitsune nas profundezas do mar. Benkei esfrega suas contas budistas e ora desesperadamente para as Cinco Divindades. A oração fez efeito, e os espectros foram exorcizados ao amanhecer, desaparecendo além do horizonte, restando apenas suaves ondas ao mar.

Destaques

É uma peça de Nô de fácil entendimento, com a participação de personagens amplamente conhecidos do público japonês, como Yoshitsune, Benkei e Shizuka Gozen. A trama tem Benkei,  um monge e subordinado de Yoshitsune, como centro, e se desenvolve num ritmo dinâmico.

Nesta peça, o Shite (ator protagonista) interpreta dois papéis totalmente diferentes, sendo uma bela shirabyôshi (dançarina vestida de homem) na parte inicial, e um assustador espírito vingativo na parte final. Há a representação do contraste entre a beleza e a bravura.  Durante o Maeba (parte inicial da peça), os espectadores podem apreciar uma dança graciosa. Já no Nochiba (parte final da peça), há movimentos ásperos e agressivos, manuseando o naguinata, uma lâmina montada numa haste comprida. A intensidade e o andamento do Utai (canto) e do Hayashi (acompanhamento musical) também são totalmente diferentes entre as duas partes. É uma peça extremamente dramática, com muitas variações.

A evolução do cenário, da baía de Daimotsu para o alto-mar, é representado apenas com um barco estilizado. Este é o momento de destaque do Ai (narrador de Kyogen, que eventualmente pode representar um papel de destaque, como nesta peça), interpretando o condutor do barco, que interage com os Waki (personagens coadjuvantes) enquanto rema o barco, e mostra seu braço de condução quando se inicia a tempestade. Por meio da contemplação de seus movimentos, o público terá uma real sensação do mar agitado.

Veja a Galeria de imagens da primeira parte do espetáculo.

Fotos: Alexandre Nunis

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