Sushi Zen (Ginza): um sushi para levitar

Nosso companheiro de viagem, degustador profissional Marcelo Fernandes posa na entrada do Sushi Zen.

 

Fazer sucesso com sushi no Japão não é tarefa fácil, devido à altíssima concorrência. E manter um sushi-ya no bairro nobre de Ginza então, é o desafio dos desafios. É em Ginza que há a maior concentração por metro quadrado das melhores grifes de moda e por extensão, os melhores templos da gastronomia. Jojoscope foi visitar o Sushi Zen, localizado a poucas quadras do burburinho da Uniqlo e da Apple Store. Nosso cicerone foi o senhor Yukihito Tabata, dono da Tokyo Gallery, a mais antiga galeria de arte de Ginza. E nossos companheiros desta expedição: o restaurateur Marcelo Fernandes e o top chef Tsuyoshi Murakami.

Como na maioria dos restaurantes japoneses que ficam dentro de edifícios, a entrada é muito discreta. O balcão de madeira clarinha e iluminação muito uniforme e clean impõe um clima antisséptico, mas acolhedor. Fomos atendidos pelo manager e chef Tomoyuki Abe, que nos conta que o Sushi Zen tem matriz em Hokkaido, de onde vêm boa parte dos ingredientes. O famoso mercado de peixes Tsukiji, fica a poucas quadras de lá. “Não é do mercado que vem os peixes?”, perguntamos. “Não, para nós, o frescor dos ingredientes tem que vencer essa etapa do varejo. Os pescados vêm direto do mar gelado de Hokkaido, acondicionados em embalagens resfriadas e são despejados em nossa cozinha, quase em seu estado natural”, explca-nos Abe-san, dando uma introdução de seu ritual.

Os netá do dia: parece uma linda palheta, o apelo pictórico é visível.

De fato: comer sushi no Japão é um ritual incomparável. Se você acha que entende tudo sobre sushi com base em suas experiências em São Paulo ou qualquer outra capital do Brasil, ou de outros países, esqueça seu passado e se entregue no que podemos chamar de a insustentável leveza do sushi. Porque a experiência do sushi no Japão é única e você vai sentir vergonha de ter engulido tanta coisa fake até hoje e ter achado que era sushi.

Sushi é uma sublimação gastronômica. Em cada bolinho prensado tem um condensado do espírito Wa. Denso, mas leve, como deve ser. ”O ato de servir no Sushi Zen se baseia no trinômio: alma, técnica, sonho”, esclarece o slogan. A alma, de quem se concentra na elaboração e na seleção dos melhores ingredientes. A técnica, é o apuro do sabor, coisa que só os séculos do melhor artesanato gastronômico podem conferir. E o sonho, essa é a parte que compete ao cliente abstrair. É de onde surge a levitação, o primeiro efeito físico da sublimação, depois de provar os seus sushis.

E por falar em frescor, aqui, o wasabi é servido assim, ralado direto do talo. O wasabi só dá em lugares com águas cristalinas correntes. No sushi-ya ele é mantido no gelo para conservar seu aroma e picância característica.

Para comprovar o frescor dos ingredientes, o chef Abe tirou camarões vivos do tanquinho e foi descascando com uma incrível habilidade, deixando o crustáceo vivo ainda pousar sobre o primeiro bolinho de sushi. Estava aberta a degustação mais surpreendente de sushis dos últimos tempos.

Habilidade impressionante para preparar o camarão vivo, e conservá-lo vivo após descascá-lo e pousá-lo sobre o niguri.

 

Kazunoko, ova de arenque. Uma textura crocante e instigante para abrir o apetite.

 

Um salmão marinado e levemente temperado com shoyu quase transparente (o que atesta a sua qualidade)
Cabeça e cauda do camarãozinho que veio vivo, agora comparecem em forma de um levíssimo tempurá.

 

Um diferencial da casa: o atum em forma de torô congelado é fatiado em camadas finíssimas.

 

Após a montagem, várias camadas de torô. Assim o sabor do peixe fica mais potencializado.
O uni (ouriço do mar) é conservado fresco na própria água do mar. Só na hora de servir é que ele passa para uma água mineral. Cuidado para manter o frescor dos ingredientes.

 

Olhem a porção generosa de uni sobre o niguiri ! Nas mãos do chef Murakami, fazendo reverência para a memória do mar.

 

Hamaguri, uma vieira mais intensa e durinha. Aliás, nosso oceano tropical não produz a variedade de ostras que encontramos lá no mar do Japão.

 

Shimesabá, uma cavala marinada num vinagre muito bom, recebe ainda uma finíssima camada de alga kombu.
Quem falou que não existe temaki no Japão? Aqui, com aquela alga crocante, estalando junto com as ovas fresquíssimas de salmão, levemente temperadas com shoyu e mirim, e claro, um wasabi também fresco, ralado na hora.
Torigai, mais um molusco que não encontramos por aqui. Crocante!
E para finalizar um caldo, denso, profundo, feito com dashi de peixe bonito, alga kombu, alga wakame em tiras e cebolinha: lavagem da alma

 

Chef Abe preparando tigelas de tirashi

 

O que encanta também, é a limpeza do balcão, quase hospitalar.

 

 

 

 

Serviço:

Ginza Sushi Zen

Endereço: FUKUHARA GINZA B1F, 8-10 Ginza 7chome, Chuo-ku, Tokyo

Telefone para reserva: 03-3569-0068 ou por email enviando este formulário. Para reservar é preciso depositar 10.000 ienes como garantia, através de cartão de crédito.

5 min a pé da estação Shinbashi

Fecha aos domingos. Almoço, das 11 às 14h30. Jantar, das 17 às 22h30

Viagem patrocinada pela

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