Frutos do rio em papo design (matéria originalmente publicada na Revista #Hashitag)

Jum Nakao é um designer do imprevisível. Aquele desfile memorável no São Paulo Fashion Week, em que as modelos rasgaram suas roupas feitas de papel deixou o público perplexo. Para muitos, estava decretado o fim da carreira de Jum Nakao enquanto estilista. Mas na realidade, era o recomeço, em grande estilo. Uma nova fase de criação de Jum Nakao estava se iniciando com aquele manifesto. Jum observa que muitos entenderam errado o gesto. Ele não deixaria de criar roupas. Mas uma nova atitude estaria nascendo a partir de então. E novas fronteiras estariam se abrindo. Agora, não só roupas, mas acessórios, mobiliário, produtos, design espacial e ambiental. E dos confins do Ceará, onde Jum coordenou uma integração entre artesãos locais e a criação de uma moda regional, os desafios atravessaram o oceano. Veja aqui em Jojoscope, sobre o projeto A Hora do Brasil. E assim, Jum partiu para Londres, onde no ano passado, produziu a apresentação do Brasil na cerimônia de encerramento das Olimpíadas. Mariza Monte, Alessandra Ambrósio, BNegão, entre outros artistas vestiram os figurinos especialmente desenhados e produzidos por Jum Nakao. Veja aqui e aqui, como foi este projeto que o mundo inteiro viu.

Outro momento marcante foi na Casa Cor São Paulo edição 2012, onde Jum foi homenageado. Lá o outono/inverno foi produzido com mobiliário, flores (ikebana de Tamako Yoshimoto), origami-borboleta suspenso sobre a cama (Adriana Suzuki Origamis Especiais), música ambiental e performance. Uma instalação multi-linguagem. Acompanhe todo o making of deste projeto aqui, aqui, aqui e aqui.

Para comemorar esta fase profícua, a revista Hashitag convidou Jum Nakao para experimentar peixes e frutos do rio. O local escolhido: Rancho da Traíra, na Vila Mariana, em São Paulo. Seu proprietário, o sempre atencioso Koji Sakaguchi até introduziu um prato novo em seu cardápio que completa este ano, 8 anos de serviço. Logo na entrada deparamos com um “Fish and Chips”, prato típico londrino, mas que por aqui é quase impossível encontrar. Koji avisa: “aqui ele pode ser servido com linguado espanhol ou traíra”. O prato entrou este ano no cardápio, inspirado nas Olimpíadas de Londres.

Jum gosta de preparar cachaças artesanais. Por isso, e para abrir o apetite, Jum quis experimentar os dois orgulhos do proprietário: Weber Haus, uma cachaça extra premium, destilada em barris de carvalho com finalização em bálsamo, e a cachaça da casa, Rancho da Traíra. Ambas ótimas para acompanhar as entradinhas: costelinhas de pacu e lambari, ambos empanados, sequinhos, crocantes. E também, o orgulho da casa: a deliciosa e encorpada sopa de piranha, que vai melhor em dias frios. Não se esqueça de pedir a pimenta da casa, curtida por cinco anos.




Outra entrada que impressionou: asinhas de pintado. Koji Sakaguchi lembra que estas asinhas eram todas descartadas pelos criadouros. Pediu uma porção para experimentar assadas na brasa. Ficaram deliciosas e hoje é um dos hits do cardápio, formado em sua maioria por frituras. Aqui o momento pediu cerveja.
E para diversificar conceitos: uma porção de sashimi de pirarucu. No Japão não é usual sashimi de peixes do rio. Por isso até os japoneses correm ao Rancho da Traíra para experimentar esta especialidade da casa. Curiosidade que vale a pena conhecer, pois a maneira de preparar não deixa nenhum vestígio do sabor barrento típico dos peixes de rio.

E eis que finalmente chegamos ao carro-chefe da casa: a tal traíra, inteirinha, aberta, empanada sequinha e desossada. A aparência assusta, com cabeça e o rabo. Sua carne recebe ranhuras precisas, o que certamente garante uma fritura uniforme. Para ser dividida por 3 a 4 comensais. A traíra vem acompanhada de arroz branco e um caprichado pirão.

Também mereceu apreciação o fish and chips, na versão linguado espanhol, “muito melhor do que o londrino”, na comparação de Jum Nakao. A técnica da fritura por imersão faz toda a diferença. O resultado é sempre a crocância e a secura por fora, e o conteúdo mantendo sua umidade e sabor.

Uma ótima sugestão foi também combinar o espeto de pintado na brasa com oniguiri, o tradicional bolinho de arroz à moda japonesa. Sakaguchi lembra que o Rancho da Traíra iniciou como uma franquia da matriz, que fica em Mogi das Cruzes, mas com o tempo, foi adquirindo identidade própria e autonomia. É o caso destes oniguiris, que só tem na Unidade Vila Mariana e que Sakaguchi fez questão de introduzir no cardápio, para preservar antigas tradições.

E agora, a grande novidade: Rancho da Traíra Delivery. Veja aqui como você pode pedir no conforto de sua casa, os melhores pratos do Rancho da Traíra.

Rua Machado de Assis, 556 Vila Mariana, São Paulo Telefone: 11-5571-3051
