A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) reconheceu no dia 22 de Junho, o Monte Fuji, ícone do Japão e mundialmente conhecido por seu cone vulcânico coroado de neve, como Patrimônio Mundial, ressaltando a importância da montanha para a cultura japonesa.
O comitê da Unesco reconheceu o Monte Fuji durante seu 37º encontro, realizado em Phnom Penh, no Camboja. Ele foi classificado com o um patrimônio cultural, ao invés de natural. As razões são as seguintes:
- O Fujisan (Monte Fuji), com seu cone vulcânico solitário, muitas vezes coroados de neve, que se eleva acima das aldeias, mar e lagos arborizados, inspira artistas e poetas há séculos e é um local de peregrinação – ressaltou a Unesco em seu relatório preparatório para a reunião.
- O respeito e o temor inspirados pela forma majestosa do Monte Fuji e sua atividade vulcânica intermitente deram origem a práticas religiosas associadas ao xintoísmo e ao budismo – acrescenta o texto.
- A forma cônica quase perfeita do Monte Fuji inspirou os artistas do início do século XIX, que produziram imagens que transcendem culturas e que permitiram a divulgação da montanha em todo o mundo e que tiveram uma profunda influência sobre o desenvolvimento da arte ocidental .
A parte inscrita pela Unesco inclui o cume da montanha e, espalhados pelas encostas até a base, sete santuários, abrigos que recebem peregrinos e um grupo de “fenômenos naturais reverenciados” como fontes, cascatas, pinheiros e árvores moldadas na lava.
O vulcão, cerca de 100 quilômetros ao sudoeste de Tóquio, eleva-se a 3.776 metros e sua encosta chega até o mar na baía de Suruga. Em dias claros, é possível avistar o monte Fuji até do centro de Tokyo, como nesta foto tirada a partir do bairro de Shinjuku.
“É uma das coisas mais bonitas criadas na Terra” – declarou o governador da prefeitura de Shizuoka, Kawakatsu Heita, sobre a montanha imortalizada em 36 vistas do gravurista Katsushika Hokusai.
Estas vistas inspiraram muitos artistas europeus, como Claude Debussy, que escolheu A Grande Onda de Kanagawa de Hokusai como referência para sua peça sinfônica La Mer.
Van Gogh, Degas, Manet, Monet, Gauguin e Seurat, todos esses foram, em algum momento, influenciados pelas xilogravuras ukiyo-e, cujo precursor foi Utagawa Hiroshige no século XIX.
O monte Fuji recebe cerca de 300 mil turistas durante os dois meses de verão em que o montanhismo é autorizado e a recomendação de reconhecê-lo como patrimônio pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) está associado ao desejo das autoridades japonesas em aumentar a vigilância para preservar este local de cerca de 70.000 hectares.
O Monte Fuji é o 17º local do Japão a ser inscrito pela Unesco. Além dos monumentos históricos da Antiga Kyoto, o Memorial da Paz em Hiroshima, santuários e templos da cidade de Nikko, os monumentos da antiga capital Nara e o famoso santuário Itsukushima, com o seu “torii” vermelho, já foram reconhecidos.
O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco deve analisar ainda nesta reunião o registro de 31 sítios naturais e culturais para entrar na lista do patrimônio mundial. Entre os candidatos que esperam receber o reconhecimento pelo seu “valor universal excepcional”, estão a cidade de Agadez (Níger), as vilas Medicis (Itália) e a estação balneária canadense de Red Bay.
Ouça aqui, La Mer, de Claude Debussy, com a Orquestra de Cleveland e regência de Vladimir Ashkenazy