Temporada de Grupo Corpo

Sem Mim. Foto: José Luiz Pederneiras

O Grupo Corpo é a representação máxima da dança brasileira. No Centenário da Imigração Japonesa, comemorado em 2008, o governo brasileiro levou o Grupo Corpo para apresentações no Orchard Hall em Tokyo. Foram duas noites memoráveis.

Todo mês de Agosto é a celebração do início da turnée brasileira do Grupo Corpo, iniciando por São Paulo. Este ano é especial, com a apresentação de uma nova peça: Sem Mim.

O mar (de Vigo), que leva e traz de volta o amado, o amigo, é o que dá vida e movimento ao novo balé do Grupo Corpo, Sem Mim, que faz sua temporada de estreia de 4 a 14 de agosto no Teatro Alfa, em São Paulo, dando início à turnê nacional que percorre as capitais de costume: Belo Horizonte (Palácio das Artes, 17 a 21 de agosto), Rio de Janeiro (Theatro Municipal, 25 a 29 de agosto) e Brasília (Teatro Nacional, Sala Villa-Lobos, 10 a 13 de novembro).

Com coreografia de Rodrigo Pederneiras, cenografia e iluminação de Paulo Pederneiras e figurinos de Freusa Zechmeister, a mais recente criação da companhia mineira de dança é embalada pela trilha original urdida a quatro mãos pelo músico e compositor viguês Carlos Núñez e pelo paulista (“do mar”) de São Vicente José Miguel Wisnik a partir do único conjunto de peças do cancioneiro profano medieval galego-português que chegou aos nossos dias com as respectivas partituras de época: o célebre ciclo do mar de Vigo, de Martín Codax. As sete canções, datadas do século XIII, constituem o testemunho mais antigo e figuram entre as mais apreciadas sobreviventes de uma das vertentes da tradição trovadoresca da região na época: as chamadas “cantigas de amigo”. Nelas, o poeta se pronuncia sempre em nome da mulher; mais especificamente de jovens apaixonadas que pranteiam a ausência ou festejam a iminência do regresso do amado-amigo. Na avidez do reencontro, elas confidenciam ora com o mar, ora com a mãe, ora com amigas. E, para aplacar ou fustigar o desejo, saem a banhar-se nas ondas do mar. (No caso das raparigas de Codax, nas ondas do mar de Vigo.)

O Corpo mergulha no mar de Vigo

O mar, impetuoso e lascivo, este mar codaxiano, misto de desejo e deriva, senhor e vetor da (re)aproximação e da distância, elemento de origem e instrumento de cura das turbulências mais íntimas dos males de amor. O mar, este mar codaxiano, é o grande manancial de inspiração da trinca de criadores que há exatos 30 anos confere luz, forma e movimento às criações do Grupo Corpo: Rodrigo Pederneiras, que em 1981 deixava o corpo de baile para assumir o posto de coreógrafo residente da companhia; Paulo Pederneiras, diretor artístico desde a sua fundação em 1975, que, neste mesmo ano, passava a acumular a função de iluminador, e, de 1997 pra cá, empresta, também, aos espetáculos sua assinatura como cenógrafo; e Freusa Zechmeister, arquiteta, transmutada desde então em figurinista oficial e membro inseparável do Grupo Corpo.

O balanço das ondas, seu ir-e-vir incessante, a rebentação nas escarpas rochosas deságuam na recorrência de movimentos, sinuosos ou abruptos, de tronco, e dobraduras incisivas de joelho pelos bailarinos, e em um deslocamento espacial marcado pelo fluxo constante de avanços e recuos, naquela que Rodrigo Pederneiras considera a mais despojada de suas coreografias.

A partir da combinação de uma forma geométrica (um enorme quadrado de alumínio vazado) com uma forma orgânica (metros e metros de uma trama sintética fabricada para o sombreamento de culturas agrícolas), ambas manipuláveis verticalmente, Paulo Pederneiras constrói um cenário metamórfico que, no decorrer do espetáculo, vai se transfigurando e formando representações de paisagens e elementos distintos: mar, montanhas, nuvens, barco, rede de pesca, alvorada. A luz que ele faz incidir sobre os bailarinos vai do branco ao amarelo claro, enquanto um ciclorama ao fundo permite que a cor invada o espaço cênico em momentos pontuais.

Sobre malhas finas inteiriças tingidas de acordo com a cor da pele de cada bailarino, Freusa Zechmeister aplica inscrições e texturas baseadas em ornamentos da Idade Média e do período pré-rafaelita, transformando o corpo dos bailarinos em suporte para toda uma simbologia da época, e criando a ilusão de que a cena é povoada por homens e mulheres “em pelo”, cuja “nudez” é coberta apenas por um dos signos mais arcaicos do imaginário marítimo: a tatuagem.

4 a 7 e 10 a 14 de agosto

Teatro Alfa, São Paulo

quarta, quinta e sábado, 21h | sexta, 21h30 | domingo, 18h

R. Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro www.teatroalfa.com.br

Bilheteria (11) 5693 4000 e 0300 789 3377

Ingresso Rápido 4003 1212 www.ingressorapido.com.br Classificação livre  Setor 1 e 2 = R$ 100,00 | Setor 3 = R$ 70,00 | Setor 4 = R$ 40,00

17 a 21 de agosto

Palácio das Artes, Belo Horizonte

quarta a sábado, 20h30 | domingo, 19h Informações: (31) 3236 7400 Classificação livre

Inteira: R$ 60,00 | Meia:  R$ 30,00

25 a 29 de agosto

Theatro Municipal, Rio de Janeiro

quinta e sexta, 20h | sábado, 21h | domingo, 17h | segunda, 20h Reservas e informações: (21) 2332 9191 Ingresso.com: 4003 2330

Frisas e Camarotes (6 lugares) R$ 540,00 | Platéia e Balcão Nobre R$ 90,00 Balcão Simples R$ 70,00 | Galeria R$ 40,00

10 a 13 de novembro

Teatro Nacional, Brasília

quinta a sábado, 21h | domingo, 20h Informações: (61) 3325 6239

Inteira: R$ 80,00 | Meia:  R$ 40,00

ブラジルダンス界が誇る「グルッポ・コルポ」。今年も8月から国内巡回ツアーをサンパウロを皮切りに開始。2008年のブラジルにおける日本人移民100周年記念には、東京文化村オーチャードホールで大入り2回公演を実施。今年は新作「セン・ミン」を披露。スペイン北部のヴィーゴの海がテーマ。

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