O projeto “Paraty e Ilha Grande – Patrimônio Vivo”, proposto pelo Instituto Ipemar e pela produtora de cinema Laboratório Cisco, foi contemplado no programa Matchfunding BNDS + Patrimônio Cultural, e está com uma campanha de financiamento coletivo pelo site Benfeitoria, para viabilizar a produção de uma série em seis episódios sobre a importância da cultura e da biodiversidade dessa região.
Em 2019, Paraty e Ilha Grande foram titulados como Patrimônio Mundial pela Unesco. O território agora é um Sítio Misto, reconhecido tanto pela sua biodiversidade quanto pelo valor de suas culturas vivas, manifestadas nos modos de ser e fazer de suas populações tradicionais. Baías e florestas que guardam uma multiplicidade de espécies de plantas e animais se conjugam a conjuntos arquitetônicos e culturas únicas e vivas, manifestadas nos modos de ser e fazer de suas comunidades tradicionais. Esse sítio misto abarca cerca de 204.634 hectares, incluindo quatro áreas protegidas – Parque Nacional da Serra da Bocaina, Apa Cairuçu, Parque Estadual da Ilha Grande e Reserva Biológica da Praia de Sul – mais o Centro Histórico de Paraty e o Morro da Vila Velha.
O título de Patrimônio Mundial chama a atenção do mundo para a excepcionalidade da região, e também mostra a necessidade de se construir e aplicar políticas de preservação desse patrimônio. Além disso, garantir os modos de vida das pessoas que até hoje foram responsáveis por cuidar desse território. Amanda Hadama, caiçara de Ilha Grande e uma das idealizadoras da proposta, diz que a série pretende se aproximar desses ambientes, convidando os habitantes locais a narrarem suas histórias. “É uma forma de registrar esses saberes, ao mesmo tempo que os reafirma e os fortalece”, diz Amanda.
Os seis episódios vão focar em diversos elementos de Paraty e Ilha Grande, como os modos de pesca, a culinária, arquitetura, agricultura, festas populares. Além dos temas sobre a cultura, a série irá mostrar a riqueza da biodiversidade da região, que é cortada por quatro áreas protegidas (Parque Nacional da Serra da Bocaina, Apa Cairuçu, Parque Estadual da Ilha Grande e Reserva Biológica da Praia do Sul), afirmando-se como área fundamental para a preservação da fauna e flora da Mata Atlântica. A produção ficará disponível em canais na internet e vão compor acervos de associações comunitárias, museus, centros culturais e agências de turismo.
A campanha de arrecadação para a realização da série tem curta duração, e vai até o dia 1 de março. Para os doadores, serão oferecidas várias recompensas, como hospedagens em Ilha Grande, sessões de massagem e quiropraxia, produtos locais como artesanatos, artes e fotografias de artistas da região, entre muitos outros. As doações serão triplicadas pelo BNDS, ou seja, a cada 1 real recebido do público, o banco colocará 2 reais. Porém, se o valor mínimo não for atingido, o dinheiro terá que ser devolvido a quem contribuiu.
As doações podem ser feitas através do site benfeitoria.com/paratyilhagrande. Lá estão todos os detalhes sobre a série e as recompensas do projeto.
Paraty & Ilha Grande: patrimônio vivo
O projeto
O projeto ‘Paraty &Ilha Grande: patrimônio vivo’ realizará uma série em seis episódios, com duração entre 7 e 10 minutos cada. Essas produções ficarão disponíveis em canais virtuais e vão compor acervos de associações comunitárias, museus, centros culturais e agências de turismo.
Paraty e Ilha Grande formam uma grande paisagem natural e cultural, na qual a vida de suas populações se integra aos mares e matas. Essa convivência e coexistência engendraram um território único e plural, onde habitam caiçaras, quilombolas, indígenas, descendentes de imigrantes portugueses e japoneses e vários outros povos que chegaram por aqui.
As narrativas dos episódios da série serão conduzidas por eles e elas – pescadores, agricultoras, cirandeiros, curandeiras, capelães, cozinheiras, guardiões e guardiãs de saberes e modos de existir muito especiais.
Embora protegidos por leis ambientais e do patrimônio cultural, Paraty e Ilha Grande não estão imunes a pressões econômicas internas e externas que impõem lógicas de organização do território quase sempre prejudiciais às dinâmicas locais.
As histórias precisam ser contadas para que o mundo expanda suas experiências e possibilidades de existência.
Paraty e Ilha Grande guardam uma infinidade de paisagens e de práticas. Nosso propósito é percorrer esse universo e registrar, por meio de cada um de seus narradores, esses saberes, manifestações e ambientes.
Sinopse dos episódios
O mar
O mar é local de trabalho, é caminho por onde se viaja para outros lugares, é também lazer e matéria da tradição oral. Nesse episódio, vamos conhecer a vivência de pescadores e maricultores, dos navegantes e marinheiros, em seus cotidianos junto a vida marinha e o regime dos ventos e, quem sabe, desvendar algumas das histórias de tesouros e piratas.
A terra
As matas da Baia da Ilha Grande, hoje protegidas por unidades de conservação, assim se mantiveram, em grande parte, pelo modo de vida das populações que a habitam e a habitaram. Indígenas, caiçaras e quilombolas, a partir de uma relação quase simbiótica com a terra, promoveram seu sustento a partir de uma relação de equilíbrio com a natureza. Nesse capítulo, vamos adentrar as trilhas de Paraty e Ilha Grande e conhecer essa agricultura ancestral e também as plantas curativas utilizadas por curandeiras e benzedeiras.
A arquitetura e a arqueologia
O conjunto arquitetônico de Paraty é tombado pelo IPHAN e agora também é patrimônio mundial. Sobrados, igrejas, ruas de pé moleque e para além dos limites urbanos nos deparamos com fazendas, engenhos e aquedutos – edificações coloniais do século XVIII e XIX. Anterior e junto a arquitetura de pedra e cal, há as construções de bambus e estuque das populações rurais e vestígios materiais que nos revelam histórias de ocupações milenares como os sambaquis.
A natureza
Um dos critérios para Paraty e Ilha Grande se tornarem patrimônio mundial foi a excepcionalidade de sua biodiversidade. Aqui é o lar de uma infinidade de espécies vegetais e animais. Embora, nós humanos sejamos parte desse ecossistema, ainda estamos longe de entender e conhecer sua amplitude e significado. A jornada desse episódio é aproximar-nos desses seres e de seus ambientes.
As celebrações
O tempo da festa é parte da dinâmica da cidade e de seus sítios. A festa do Divino Espírito Santo e a Festa de São Benedito se destacam junto com várias festividades em homenagem a santos patronos e santas matronas nos vilarejos locais. As celebrações também acontecem nas casas, como ritos de santificação da morada. Folias, cirandas, danças, vestimentas, enfeites e decorações, comidas – as linguagens da tradição se combinam nas celebrações locais. Diferentes matrizes culturais se confluem na realização de mais festejos – os eventos às artes e à literatura, as festas nos terreiros e quilombos, os encontros nas aldeias guaranis.
Culinária
Seja na festa, no trabalho, no cotidiano, não há de faltar a comida. O mar, a terra, os saberes trazem os insumos para os mais deliciosos pratos que você possa imaginar – pirão de peixe com banana, cuscuz, farinhas de mandioca e de juçara, bolos de melado, ensopados de broto de bambu e taioba, cachaças, vieiras. Não à toa, dezenas de chefs de cozinha nos visitam para provar nossos sabores e inspirar seus cardápios. Nesse episódio, prepare os sentidos e o estômago.
Proponentes
O Instituto de Pesquisas Marinhas – IPEMAR (www.ipemar.org.br) e o Laboratório Cisco (www.laboratoriocisco.org) encabeçam o projeto e a equipe de desenvolvimento é formada por pesquisadores locais, documentaristas e sobretudo pessoas ligadas pela raiz, ancestralidade e pelo afeto a essa grande baía. Ao longo do caminho, esse trabalho será compartilhado com os mestres e narradores locais e também com uma série de coletivos, associações e instituições da região que compõem esse mapa de interculturalidades.
Financiamento Coletivo
O projeto foi selecionado pelo programa Matchfunding BNDES + Patrimônio Cultural e ao colaborar, o seu incentivo é TRIPLICADO: a cada 1 real que você contribuir, o BNDES vai colocar mais 2 reais. A campanha é tudo ou nada. Se a meta for atingida, a websérie será produzida e os contribuintes recebem as recompensas. Mas, se a captação não atingir o valor proposto, o dinheiro será devolvido a cada um dos benfeitores.
Como colaborar
Escolha a faixa de colaboração que caiba no seu bolso e no seu coração. Entre neste site e veja as opções. No momento da publicação desta matéria o projeto já havia captado 68% da meta. O prazo é até o dia 1 de março !!
Seja parte desse projeto para fortalecer o legado cultural e ambiental desta região única. Colabore, compartilhe, propague essa campanha com toda a sua rede! Contribua com qualquer valor clicando no botão “Apoie” e receba como recompensa seu nome nos créditos dos episódios!
Acompanhe o projeto pelas redes sociais
Assista aqui à live que fizemos com a produtora e pesquisadora Amanda Hadama, que nos contou mais detalhes sobre Ilha Grande, Paraty e este financiamento coletivo. Como sempre, a nossa anfitriã, Mami Fumioka, vice-presidente da Quickly Travel, nos acolheu com todo o conforto, para uma tarde deliciosa.