Eiga: um poema visual

Essa é para cinéfilos. O poeta, designer gráfico e produtor de mídia interativa André Vallias produziu um video, que poderíamos chamar de poema-visual-cinematográfico, com fragmentos dos créditos de abertura de muitos filmes clássicos japoneses. O título do video não poderia ser mais sugestivo. “Eiga” (映画), que significa cinema, é composto por dois ideogramas que significam  “projeção” e “imagem”, respectivamente. Ou seja, imagem projetada. 

Título de abertura de Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa
Não tem o estilo Saul Bass esta arte de Rio Negro (Kuroi Kawa)?

Neste video-poema de André Vallias, os créditos de abertura dos filmes são re-contextualizados como fragmentos poéticos, dando ênfase ao lettering enquanto design. Como a maioria dos filmes são das décadas de 1950 e 1960, algumas aberturas mostram influências claras de Saul Bass, que assinou a arte de muitos filmes de Alfred Hitchkock. 

André Vallias é um poeta digital, artista multimídia, designer gráfico e produtor de mídia interativa. É também um tradutor intersemiótico. Viveu na Alemanha entre 1987 e 1994, quando colaborou com poetas sonoros e visuais como Valeri Scherstjanoi e Friedrich W. Block. Em 1992 criou a primeira mostra internacional de poesia feita em computador.  É autor das obras Totem (Cultura e Barbárie, 2014), finalista do prêmio Oceanos, e Oratório (Azougue, 2015). Vive no Rio, onde dirige a produtora Refazenda e edita a revista online Errática, dedicada à poesia sonora, visual e digital.

Não é a primeira vez que André Vallias envereda por temas sobre o Japão. Em 2010 apresentou o espetáculo Sybabelia, um mosaico caleidoscópico de imagens, sons e palavras, transpondo as fronteiras da língua e do tempo. Transcriações multimediais de poetas como a japonesa Ono-No-Komachi e Haroldo de Campos foram projetados na tela. Na performance, a cantora Lica Cecato tocou o instrumento eletrônico criado pelo russo Léon Theremin, em 1919, acompanhada dos vídeo-poemas de André Vallias. Lica Cecato é cantora, artista plástica, multi-instrumentista, poeta e performer e transita entre o Rio de Janeiro, Veneza e Kamakura, no Japão. 

 

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